O povoado Sindô fica localizado na zona rural do município de Lago da Pedra a 40 km da sede e 150 famílias residem por lá. 50 dessas famílias foram contempladas com a realização de um sonho antigo, a casa própria. Tão logo a empresa CONSTRUTORA NOVA MORADA chegou para dar início à obra de construção das novas casas, a população viveu um clima de expectativa muito grande, mas mal sabiam que seu maior sonho, se tornaria seu pior pesadelo.
O senhor Francisco Aguiar da Costa conhecido pelos moradores como “Chico Bacabal” foi quem assumiu a obra que já estava atrasada e deu seqüência ao serviço com a promessa do empresário Deusimar Serra que pagaria o pessoal quinzenalmente, o que segundo ele era raro acontecer.
“Quem me contratou foi o seu Baiano e o Deusimar. Ele me garantiu que pagaria o povo de quinzena e faz dois meses que o povo é me cobrando direto e ele só diz pra continuar o serviço. Se o pessoal ta trabalhando é porque precisa...!”. disse Chico Bacabal revoltado.
Chico Bacabal ainda afirma que boa parte dos moradores do povoado foram contratados pela empresa para ajudar nas obras, mesmo pessoas sem o mínimo conhecimento na área de construção e pasmem, até menores de idade foram recrutados para trabalhar em condições de risco, pois a empresa não oferecia equipamentos de proteção e segurança, um risco principalmente aos jovens que tinham entre 14 e 17 anos.
Chico bacabal afirma: “...Tinha sim menor trabalhando comigo, ninguém usava equipamento de segurança, não tinha contrato assinado pro povo e foi a empresa que disse que poderiam trabalhar que não tinha nada!...”
Vejam o argumento usado pelo empresário segundo os menores no momento da contratação onde eles informaram sua idade.
AFSC 16 ANOS (MENOR)– “...Nós falamos pra ele nossa idade e ele disse que podia. Eu disse que tinha 16 anos e ele só disse que pagava de quinze em quinze dias...”.
OFS 17 ANOS (MENOR)- “...Eu disse minha idade e ele só disse que não tinha nada não, então eu fui e ainda não recebi...”.
DBS 14 ANOS (MENOR) -“...eu disse pra ele na hora que tinha 14 anos e ele disse que não tinha nada e se eu caísse lá?...”.
O senhor Antônio Campelo tem 37 anos, é casado e pai de 04 filhos e viu sua casa velha ser demolida para dar lugar a uma nova moradia que há tempos sonhava com a família. O sonho virou pesadelo em poucos dias, pois há seis meses sua casa se encontra assim...
“Quando eles chegaram aqui nós ficamos felizes demais, claro ganhar uma casa nova. Até pra trabalhar de ajudante me levaram e esse tempo todinho, nunca mais vieram, nem pagamento, nem casa e eu com 04 filhos moço...”.
Antônio diante de tamanho sofrimento faz um apelo ao empresário Deusimar Serra, pelo seu pagamento e pela sua casa como foi prometido.
“...Eu faço um apelo para que ele venha aqui e chame a turma pra conversar e acertar tudo. Nós é pobre e precisamos receber e da nossa casa...”.
Em meio a tantos problemas no povoado, encontramos o senhor Francisco Rodrigues conhecido no povoado como “negão”, um aposentado de 60 anos, ele também foi vítima da empresa NOVA MORADA. Ele alugou uma casa para a empresa onde os trabalhadores utilizavam para descansar após o dia de trabalho, mas igual à maioria dos prestadores de serviço, nunca recebeu nenhum mês.
“...Chegaram ai e perguntaram se tinha uma casa pra alugar, eu aluguei, mas dinheiro que é bom, nada!...”. Afirmou negão sem esperança de receber.
Segundo seu negão, quando foram fechar o preço do aluguel, ele teria dito que o valor seria duzentos e cinqüenta reais, mas que uma pessoa da empresa teria entendido que eram apenas cinqüenta reais. A empresa que nunca pagou o aluguel e nem justificou ao dono da casa os motivos de tanto atraso, saiu no lucro, pois seu negão nem lembra mais o tamanho do débito.
“...Moço isso faz tanto tempo que dei por perdido. O cara chegou aqui e eu disse duzentos e cinqüenta e ele quando veio aqui a primeira vez disse que entendeu cinqüenta, então ficou por isso mesmo e eu sem receber...”.
“...Quando eles chegaram foi uma alegria só e eu pensei que meus filhos agora teriam uma casa nova, mas o que restou foi só isso aqui...!”. disse a mãe emocionada.
Após a frustração de ver a sua humilde moradia sendo levada ao chão pela empresa NOVA MORADA para dar lugar a um novo lar, quase seis meses depois a obra se encontra assim e hoje ela ainda corre o risco de ficar na rua com os filhos, pois onde ela está morando hoje é uma casa emprestada e que o dono já vem cobrando sua saída há dias.
“...Agora vai ficar difícil, eu com 05 filhos que eu crio sozinha vou pro meio da rua e o que que eu vou fazer?...”.
Antônia diz que se arrepende em ter deixado derrubar a casa de taipa, pois lá mesmo diante dos riscos ela tinha um teto para os filhos.
“O que eu mais me arrependo é de ter deixado derrubar minha casinha de taipa, porque pelo menos eu tinha um teto com meus filhos e agora não tem mais nada!...”
Mesmo pessoas contempladas que estão com as obras adiantadas, reclamam da demora e principalmente da falta de pagamento. Enquanto a empresa não aparece para dar justificativa ao povo, ou mesmo concluir as obras, as pessoas seguem sofrendo, mas com a certeza de que nunca mais confiarão e nem prestarão serviço ao empresário Deusimar Serra...
Maranhão em destaque - Flávio Rocha
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